Nova série: Santeria
Veja só: nós, que nascemos no Brasil dos 1970 para trás, temos um forte componente católico na configuração de valores e, por conseguinte, percepção do mundo. Afinal, aquele era um país algo como 80% católico (apesar das estatísticas militares falarem de um Brasil 100% católico, é claro que não era esse o caso, dados os índios remanescentes, as religiões africanas etc.). E essa influência é indelével mesmo quando somos não-teístas, como é o meu caso. Afinal, o que nos forma, parece, é o que somos até os 6 ou 8 anos de idade.
Vai de lá, como dizia o Sérigo Porto, que resolvi sistematizar em uma série chamada “Santeria” alguns dos trabalhos com motivos religiosos que produzi ao longo dos anos. Em “Santeria” estão presentes estudos sobre a iconografia católica (como sabemos, a Igreja foi a principal patrona e um dos principais “motivos” da arte europeia durante séculos e não é possível ignorá-la ao estudar arte), releituras de peças clássicas, como a “Santa Ceia” de Leonardo, etc.
Começo pelo mais recente que fiz, uma escultura da Senhora dos Navegantes (“Venha me benzer!”), santa invocada pelos antigos portugueses quando o mar fica furioso, já lá se vão cinco séculos. Pensei nesse motivo porque queria esculpir uma pedaço de madeira que achei em mangue no litoral paulista e nenhum tema me pareceu melhor.
Neste trabalho usei duas referências, uma erudita e outra popular.



Escultura em madeira achada no mangue


Publicado em: Série: Santeria